NewFor Entrevista: Carla Riovane Chiles (Edição Engenheiros Florestais)

Dia 12 de julho foi o dia do Engenheiro Florestal. Para comemorar essa data, dedicamos todo o mês de julho para entrevistar engenheiros florestais de diversas áreas. Os entrevistados nos contam um pouquinho sobre sua trajetória, o interesse pela Engenharia Florestal e sua atuação atual. A seguir, trazemos a nossa quarta entrevista, com Carla Riovane Chiles, engenheira florestal formada pela ESALQ/USP e mestra em Recursos Florestais. Atualmente, trabalha no grupo WZ com desenvolvimento de tecnologias e produtos para o setor florestal.

Como você chegou onde está hoje? O que te levou a fazer engenharia florestal? Qual sua trajetória? Qual sua área de atuação?

Eu nasci e cresci em uma pequena comunidade de geraizeiros, no norte de Minas Gerais. Nessa comunidade não tinha energia elétrica até o ano de 2002. Por isso, minha infância foi cheia de brincadeiras no meio do cerrado com meus primos (as), sendo que nossa principal diversão era ir comer as frutas da época no meio do mato, onde também passávamos horas brincando e subindo nas árvores. Também cresci vendo meus familiares coletando pequi para venda e para produção de óleo, além de coletar outros frutos para consumo. Mas além disso, pessoas próximas cortavam as árvores para produzir carvão e isso me deixava revoltada. Queria fazer alguma coisa para acabar com aquela situação, e foi nesse momento que decidi que queria estudar algo relacionado ao meio ambiente. 

Quando decidi fazer vestibular, eu não sabia o curso, mas sabia que queria algo para trabalhar a conservação do meio ambiente, principalmente do bioma Cerrado. Eu não conhecia o curso de Engenharia Florestal, até que meu irmão que estudou Agronomia falou do curso e eu gostei. 

Em 2010 ingressei no curso na ESALQ-USP. No primeiro ano do curso queria trabalhar com genética e conservação das árvores do cerrado e fui fazer estágio com o Prof. Paulo Kageyama (in memoriam). Trabalhei alguns meses, mas não consegui gostar de genética. Conversando com o prof. Paulo Kageyama, ele me ofereceu a oportunidade de conhecer um projeto de restauração florestal, o qual me identifiquei. Fiquei trabalhando nesse projeto por dois anos e meio, onde desenvolvi minha primeira IC. E nesse meio tempo, também quis conhecer outras áreas e fiz estágio no Laboratório de Hidrologia Florestal (LHF) com geoprocessamento.

Em 2013 tive a oportunidade de fazer intercâmbio para os EUA, pelo programa Ciências sem Fronteiras. Estudei inglês e cursei disciplinas da Engenharia Florestal em Michigan State University, por um ano e meio. Voltei em 2015 querendo trabalhar com geoprocessamento e planejamento florestal. E fui fazer estágio no Laboratório de Hidrologia Florestal (LHF), com o prof. Sílvio Ferraz. 

 

Em 2016 conclui a graduação e ingressei no mestrado, no programa de Pós Graduação em Recursos Florestais da ESALQ-USP, sob orientação do prof. Sílvio Ferraz. Trabalhei com planejamento florestal e recursos hídricos em duas microbacias hidrográficas, da empresa Klabin, e monitoradas pelo PROMAB-IPEF. 

No final do mestrado, decidi que queria trabalhar em empresa e consegui uma vaga no Grupo WZ Topografia e Geoprocessamento, em Mogi Guaçu-SP. O Grupo WZ é uma empresa que presta serviços de topografia e geoprocessamento para empresas de madeira, celulose e papel e produtores agrícolas da região. Onde trabalhei por um ano e meio com microplanejamento de silvicultura e colheita, edição de bases cadastrais e banco de dados. 
Atualmente, trabalho no grupo WZ com desenvolvimento de tecnologias e produtos para o setor florestal, utilizando principalmente drones e softwares de SIG, como: inventário florestal utilizando Radar embarcado em drone, teste de sobrevivência de mudas com até 45 dias utilizando VANT, dentre outros produtos para o monitoramento das florestas.  


Como a Engenharia Florestal ajudou na sua carreira? Na sua atuação hoje? O que mais te motivou/motiva em trabalhar nessa área?

A Engenharia Florestal ajudou em todos os aspectos da minha carreira. Todos os conceitos aprendidos no curso se fazem presentes no dia a dia na prática do meu trabalho. 

O que mais me motiva a trabalhar nessa área é poder desenvolver ferramentas e produtos que possam ser usadas para o gerenciamento e monitoramento da floresta, de forma que permita o monitoramento do plantio e que mostre o aproveitamento da área plantada e a redução dos impactos sobre o meio ambiente. Além de poder trazer maior praticidade e maior rendimento para algumas atividades florestais. 



Qual o impacto do seu trabalho na sociedade e no meio ambiente?

Os efeitos estão relacionados ao planejamento florestal e manejo da floresta, de forma a reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente, e minimizem os impactos sobre as comunidades no entorno das áreas de produção. 

Quais os principais desafios que você enfrenta?

Um dos principais desafios enfrentados hoje é a aceitação das mudanças e das inovações tecnológicas nas atividades florestais.  Além disso, tem a questão do tempo, tanto no desenvolvimento de um novo produto, quanto na velocidade com que ocorrem as mudanças no mundo tecnológico.


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