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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Os campos do Pampa resistirão à conversão?

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Por  Rosângela Gonçalves Rolim Poucos sabem dizer qual era a vegetação original que cobria o Rio Grande do Sul (RS) antes da chegada dos portugueses. Muitos diriam que se tratavam de imensas florestas. E em parte isto está correto: grandes áreas foram desmatadas na metade norte do Estado, como contam algumas músicas gaúchas, como “Balseiros do Rio Uruguai”, de Cenair Maicá. Árvores estas derrubadas especialmente para a exportação de madeira. Mas tantas outras músicas falam dos campos e da “lida campeira”, como em “Costumes Missioneiros” de Noel Guarany. O “campo” é a vegetação que predomina na metade sul e noroeste do Rio Grande do Sul, muito associado à cultura do gaúcho. Diferente das florestas, onde as árvores são dominantes, nos campos predominam plantas de menor porte: as ervas, subarbustos e arbustos. Dentre as ervas destacam-se as gramíneas que pelo seu predomínio, quando vistas de longe, aparentam formar um imenso tapete homogêneo. Mas observando de perto, a biodiversidade pode

O Cerrado e seus desafios na restauração

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 Por Thaís Mazzafera Haddad  O Cerrado ocupa cerca de 2 milhões de km2 do Brasil, o equivalente a aproximadamente 20% do território nacional. Suas grandes proporções o colocam como o segundo maior domínio fitogeográfico do país, atrás apenas da Amazônia. A vegetação do Cerrado abrange campos, savanas e florestas. Os campos e savanas são as fitofisionomias predominantes e seu estrato herbáceo-arbustivo composto por gramíneas, ervas não graminóides, e pequenos arbustos concentra cerca de 70% de sua diversidade.  As savanas do Cerrado são consideradas as mais ricas em espécies do mundo. Além disso, o Cerrado abastece oito das 12 regiões hidrográficas do país, e sua vegetação aberta e solos bem drenados são fundamentais para tal provisão. O fogo faz parte da evolução dos campos e savanas do Cerrado há mais de 4 milhões de anos, e sua vegetação adquiriu ao longo do tempo adaptações para sobreviver a ele. Dentre elas há o desenvolvimento de cascas espessas, para isolamento do tecido vivo das

Perspectivas florestais na Amazônia

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Por Saulo E. X. Franco de Souza    A palavra Amazônia ecoa frequentemente em qualquer iniciativa para solucionar ou minimizar a crise global relacionada às mudanças climáticas e biodiversidade, devido à  sua grandeza em termos de território, diversidade biológica e sociocultural, além da importância ao clima continental e global. Apesar de existir variadas formações vegetais na extensa bacia Amazônica, a vegetação é predominantemente florestal. Dentro deste contexto, algumas questões básicas emergem ao passar da retórica à ação, e precisam ser examinadas, por exemplo: Como manter as florestas em pé e saudáveis frente a pressão insistente do desmatamento e degradação? Qual a proporção do território que seria necessária para conservar a biodiversidade? Como restaurar milhões de hectares de florestas biodiversas e complexas que foram destruídas ou degradadas? E como fazer isso numa extensa região que abrange vários países e que ocupa mais da metade do território brasileiro? Na região da A

A importância da Caatinga para a conservação da biodiversidade e bem estar humano

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 Por Severino Ribeiro Pinto Foto: Severino Pinto A Caatinga é a região semiárida mais densamente povoada do planeta, com cerca de 27 milhões de pessoas vivendo em seu território. Segundo o Ministério do Meio Ambiente são identificadas 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas. Além disso, a flora da Caatinga é composta por 4.479 espécies vegetais com elevado número de espécies endêmicas. Esses dados categorizam a Caatinga como uma das áreas de floresta seca mais biodiversa do planeta.  Em contraste a essa rica biodiversidade, a área de abrangência da Caatinga compreende municípios com as maiores taxas de vulnerabilidade socioeconômica do mundo, tendo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio de cerca de 0,5 e uma grande dependência por parte de sua população dos recursos naturais para a manutenção dos seus modos de vida e processos econômicos. Esse cenário de pobreza extrema impõem um grande desafio de se conciliar o atend