NewFor Entrevista: Lara Garcia (Edição Engenheiros Florestais)

Dia 12 de julho foi o dia do Engenheiro Florestal. Para comemorar essa data, dedicamos todo o mês de julho para entrevistar engenheiros florestais de diversas áreas. Os entrevistados nos contam um pouquinho sobre sua trajetória, o interesse pela Engenharia Florestal e sua atuação atual. A seguir, trazemos a nossa terceira entrevista, com Lara Garcia, engenheira florestal formada pela ESALQ/USP, doutora em conservação de ecossistemas, com especialização em hidrologia florestal. Atual coordenadora do programa de monitoramento de microbacias hidrográficas do IPEF.

Como você chegou onde está hoje? O que te levou a fazer engenharia florestal? Qual sua trajetória? Qual sua área de atuação?

A engenharia florestal entrou na minha vida aos 45 minutos do segundo tempo, com a ficha de inscrição na mão e sem ainda muita certeza sobre qual vestibular prestar. Foi um professor, em uma aula de Biologia, no terceiro colegial, que comentou sobre o curso, e foi amor à primeira vista. Preenchi a ficha de inscrição ainda naquela tarde, contra tudo que vinha discutindo com meus pais a meses sobre cursos e profissões.

Entrei no curso de Engenharia Florestal na ESALQ ainda com 17 anos, vindo de uma cidade do interior, e sem condições financeiras para me manter em Piracicaba. Foi neste momento que a CEU entrou em minha vida e me permitiu continuar no curso. 

Iniciei os estágios ainda no primeiro semestre, que ficavam restritos a alguns poucos horários livres, pois as aulas tomavam grande parte da grade horária. Mas mesmo sendo tão pouco tempo, eram uma fonte de grande aprendizado. Lembro que meu primeiro estágio foi na área de educação ambiental, com aulas reais em uma escola municipal. Passei por diferentes áreas durante a graduação, as que mais marcaram minha trajetória foram sem dúvida os anos no Grupo Monte Olimpo, no Laboratório de Genética Molecular do prof. Aranha e no Laboratório de Hidrologia Florestal (LHF), do prof. Silvio Ferraz. Foi neste último que finalmente encontrei a área que gostaria de seguir. 

Entrei no LHF após um período de intercâmbio na França, na AgroParisTech, onde tive a oportunidade de estudar e fazer estágio durante um ano na escola de engenharia florestal. Durante este estágio tive contato com a modelagem e o georreferenciamento, duas ferramentas que me levaram a procurar o prof. Silvio para fazer estágio com ele. Permaneci no LHF durante meu último ano de ESALQ. Formei em 2011 e permaneci no LHF como mestranda do prof. Silvio. O período do mestrado foi um dos mais desafiadores e impactantes momentos, pois foi nele que descobri as maravilhas e os desafios da pesquisa, foi nestes dois anos, que pareceram dois minutos, que me encantei pela pesquisa e decidi que era onde eu queria estar. Depois dessa decisão o doutorado foi um passo a mais, embora tenha sido um passo muito importante na minha vida e tenha moldado meus próximos quatro anos.

Todo ciclo finalizado é uma conquista, mas também é o início de uma nova ansiedade para se saber o que vai acontecer a seguir. Finalizar o ciclo do doutorado não foi diferente. Foi nesta época que surgiu a oportunidade de trabalhar como Coordenadora do Programa de monitoramento de microbacias (PROMAB) no IPEF. O prof. Silvio quem fez o convite, e desde então estamos trabalhando juntos no PROMAB.

Como a Engenharia Florestal ajudou na sua carreira? Na sua atuação hoje? O que mais te motivou/motiva em trabalhar nessa área?

 A Engenharia Florestal está presente na minha área de atuação em todos os momentos, trabalhando na pesquisa e coordenação do monitoramento de microbacias os conhecimentos adquiridos durante o curso se fazem presentes em todas as etapas, desde a organização dos projetos até o desenvolvimento dos relatórios.

A minha maior motivação em trabalhar na área de floresta e água é poder desenvolver pesquisas que nos ajudem cada vez mais a entender esta relação tão complexa e tão simbiótica. Assim como poder atuar junto às diversas empresas e realidades que precisam lidar com o tema água a todo momento, e onde podemos colocar em prática as pesquisas realizadas na academia e ajudar tanto empresas quanto sociedade no manejo das florestas pensando na água. 

Qual o impacto do seu trabalho na sociedade e no meio ambiente?

O impacto do meu trabalho está ligado a buscar uma sustentabilidade hídrica das florestas plantadas, ou seja, como o manejo florestal na escala da microbacia hidrográfica influencia nas questões hídricas daquele local, e quais as estratégias de manejo podemos adotar para diminuir os efeitos negativos e aumentar os positivos. Sendo que estes dois pontos estão diretamente relacionados às comunidades.

No meio ambiente os efeitos estão relacionados a conservação dos recursos hídricos e sustentabilidade das microbacias hidrográficas.

Vertedouro Triangular 

Quais os principais desafios que você enfrenta?

Um dos principais desafios enfrentados hoje no PROMAB é traduzir para a sociedade a importância do monitoramento hidrológico dos recursos hídricos, tanto para a sustentabilidade destes processos como base para o desenvolvimento de pesquisas. Acho esta é uma busca constante para quem trabalha na área de conservação e não produção, sempre tentar traduzir para a sociedade como é importante o investimento nesta área e como a busca pela sustentabilidade pode ser traduzida em benefícios, não apenas ambientais, mas econômicos também. Um segundo desafio, agora mais ligado a pesquisa, é difundir os resultados obtidos para a prática: a área da hidrologia florestal é repleta de paixão, mas existe uma ciência por trás, e fazer com que as pessoas entendam os conceitos que governam esta relação é um desafio dos pesquisadores desta área.


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