NewFor Entrevista: Sânia Resende (Edição Engenheiros Florestais)

Dia 12 de julho foi o dia do Engenheiro Florestal. Para comemorar essa data, dedicamos todo o mês de julho para entrevistar engenheiros florestais de diversas áreas. Os entrevistados nos contam um pouquinho sobre sua trajetória, o interesse pela Engenharia Florestal e sua atuação atual. A seguir, trazemos a nossa quinta entrevista, com Sânia Resende, engenheira florestal pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e mestranda em tecnologias e inovações ambientais, como ênfase em conservação, política e legislação ambiental na UFLA. Atualmente trabalha como analista de geoprocessamento na CIGTA (Centro de Inteligência em Gestão e Tecnologia Ambiental) e é criadora da marca de cosméticos naturais e conscientes, a Calê Saboaria.

Como você chegou onde está hoje? O que te levou a fazer engenharia florestal? Qual sua trajetória? Qual sua área de atuação?

Sou mineira, de Lavras - MG, criada no sítio dos meus avós. Passei a infância toda brincando nas árvores, correndo pelo mato e andando à cavalo. O simples e natural sempre fizeram parte mim.

Turma de Engenharia Florestal - UFLA 2010/01

Já no primeiro ano do ensino médio decidi pela Engenharia Florestal, não lembro ao certo como cheguei nessa certeza, mas ela estava lá.  Logo que concluí o terceiro ano fui aprovada para o curso na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Iniciei a graduação em 2010 e, como a maioria dos calouros, fiquei perdida. Não sabia qual área gostava mais, mas pensava em trabalhar em grandes empresas do setor. Entre trabalhos voluntários e atividades extracurriculares fui seguindo pelas diferentes áreas e laboratórios da UFLA.

Em 2013 fiz estágio na CENIBRA com planejamento florestal, um período muito valioso para minha vida profissional. Ao retornar à Lavras, senti que essa intensidade das grandes empresas não era o meu caminho e que deveria procurar novas experiências. Comecei a fazer iniciação científica (IC) na tecnologia da madeira e também participei da Floresta Jr. empresa júnior de consultoria florestal da UFLA. Passado pouco mais de um ano, finalizei a IC e fiquei só na empresa júnior, era ali que meu coração batia mais forte. Me interessava pelos projetos de regularização ambiental e tratei de procurar orientação do Professor Luis Antônio, com quem fiz meu TCC e continuo até hoje, no mestrado.

Ao formar, trabalhei como Analista Ambiental no projeto de implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) em parceria com a Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC) da UFLA. Foi um período de muito trabalho, viajando pelo Brasil, ministrando cursos e conciliando tudo isso com o mestrado.

Atualmente estou finalizando o mestrado profissional em tecnologias e inovações ambientais, como ênfase em conservação, política e legislação ambiental na UFLA. Também trabalho como analista de geoprocessamento na CIGTA (Centro de Inteligência em. Gestão e Tecnologia Ambiental), em um projeto do CAR no Estado de Amazonas.

Em paralelo, essa trajetória me levou para um caminho inesperado, de criar uma marca de cosméticos naturais e consciente, a Calê Saboaria (@calesaboaria). Há 8 meses eu desenvolvo, produzo e comercializo sabonetes e xampus sólidos, naturais, biodegradáveis e sem embalagens de plástico.

Calê Saboaria


Como a Engenharia Florestal ajudou na sua carreira? Na sua atuação hoje? O que mais te motivou/motiva em trabalhar nessa área?

Aula na Floresta Amazônica em 2017 - INPA.

Além de grandes amizades, a Engenharia Florestal me fez perceber, de forma mais objetiva, o meu papel no meio ambiente. Me ensinou a tomar decisões com consciência e responsabilidade e isso foi fundamental para a pessoa que sou hoje.

Fiz uma graduação e hoje me vejo com duas profissões, graças a toda essa trajetória, encontros e ensinamentos que a Engenharia Florestal me proporcionou.

Qual o impacto do seu trabalho na sociedade e no meio ambiente?

Ao trabalhar com a implantação, e agora análise, do CAR contribuo para um grande avanço na regularização ambiental dos imóveis rurais no Brasil. Acredito que esse projeto vai ajudar a controlar o desmatamento, principalmente na Amazônia, e nos fornecer informações para melhorar as políticas ambientais e sociais no país.

Quais os principais desafios que você enfrenta?

Acho que o principal desafio é aplicar a legislação florestal de forma justa aos proprietários e posseiros de imóveis rurais. Em um país tão grande e diverso como o nosso é difícil ter um alinhamento ou padrão que se aplique a todos.

Acredito que já avançamos muito, mas ainda existem muitas barreiras a serem quebradas em relação à conservação ambiental. Felizmente, existem muitas pessoas dedicadas a esse trabalho e que se esforçam para fazer o melhor possível, isso me encanta muito na Engenharia Florestal.

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