Engenheiros Agrônomos: uma carreira dedicada a produzir e conservar

Por Taísi Bech Sorrini


A relação do homem com o seu meio, especialmente com a terra, sempre foi bastante intensa e profunda. É dela que, desde a pré-história, o ser-humano obtém suas principais fontes de sobrevivência: alimentos, matérias-primas ou insumos. 


Além da geração de múltiplos benefícios - por exemplo sentimento de pertencimento ao espaço, interações sociais, abastecimento alimentar, produção de bens e utilidades e criação de tecnologias - essa conexão histórica também motivou a formação de um pensamento desenvolvimentista e de uma atitude produtivista, levando a expansão desenfreada das fronteiras agrícolas e gigantescas degradações ambientais. Elucidadas pelos desmatamentos e degradação de recursos naturais ao longo das superexplorações durante os ciclos econômicos, como os da cana-de açúcar e café.


Dessa forma, a fim de equilibrar a produção agropecuária e a conservação ambiental, tornou-se essencial a capacitação e qualificação de profissionais atuantes na área rural, em especial, os Engenheiros Agrônomos. Profissionais com infinita afinidade à agricultura e ao meio ambiente.


Fonte: Canal Rural (Engenheira Agrônoma Ana Maria Primavesi – pesquisadora e pioneira da agroecologia e da agricultura orgânica no Brasil. Responsável por avanços no manejo ecológico do solo).


Nesse contexto, diante da crise ambiental e dos problemas de abastecimento enfrentados pelo mundo nas últimas décadas, o antigo modelo de ensino de Agronomia, baseado na ocupação desenfreada do solo e utilização irracional dos recursos, integrou ao seu universo técnico-científico uma abordagem complementar mais humanista e ecológica.


Atualmente, os Engenheiros Agrônomos compreendem melhor os aspectos práticos e teóricos dos sistemas agropecuários, bem como atuam diretamente sobre as relações socioecológicas da cadeia produtiva, mediando conflitos sociais e evitando impactos ambientais provenientes dessas atividades. Além de lidarem com essas interações, também cabe ao profissional da Agronomia prezar por uma economia sustentável. Ou seja, aquela que substitui a maneira convencional de cultivo por um sistema mais harmônico, consciente e protecionista, priorizando as boas práticas de produção e se atentando a conservação/recuperação dos recursos naturais presentes nas propriedades rurais.


Fonte: Jornal O Globo (Estudo lista 4 medidas para melhorar agricultura sem destruir florestas – 29/01/2016).

Por isso, o profissional da Agronomia é um importante agente de desenvolvimento socioeconômico, que se dedica, por meio da sua capacitação qualificada e amor pela terra, no progresso da produção agropecuária em concordância com o bem-estar da sociedade e conservação ambiental. Atuando nas mais diversas frentes, dentre elas, regularização ambiental de propriedades rurais, tecnificação de processos agrícolas, geração de políticas públicas, extensão junto aos agricultores e produção científica.


O coração do profissional da Agronomia pulsa além de seu peito. Bate nas mãos sujas de terra, na bota que pisa o solo produtivo, nos olhos que enxergam a natureza e no sorriso de quem escolheu para vida uma das mais lindas profissões.


Portanto, o Engenheiro Agrônomo se encarrega de assimilar essa complexa gama de conceitos e interações para executar a sua profissão com maestria, assegurando, assim, que as atividades agropecuárias sejam economicamente eficientes, socialmente justas e ecologicamente equilibradas.


Finalmente, fazendo referência ao belo hino da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo, a principal dedicação do Engenheiro Agrônomo é: “Plantar, criar e conservar.”



Taísi Bech Sorrini é Engenheira Agrônoma formada pela ESALQ/USP, Mestranda em Recursos Florestais na mesma instituição e membro do NewFor. Atua profissionalmente na conservação e recuperação de ecossistemas florestais em áreas agrícolas.

**O texto acima é um artigo de opinião, e não representa a opinião de todos os membros do NewFor ou de seus órgãos financiadores.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que não devo chamar a Mata Atlântica de bioma?

A importância da conservação e restauração de nascentes

Introdução ao Novo Código Florestal (NCF) e Lei de Proteção da Mata Atlântica (LMA)