Mudanças de hábitos: aplicando a sustentabilidade em casa

Por Lídia Bulascoschi Cagnoni

Em 2018 eu e meu marido nos mudamos para Florianópolis. Saímos do interior de São Paulo em meio a uma rotina urbana e ocupada e nos deparamos com a desaceleração e a imensidão de verde e mar de Floripa. Este contato diário com a natureza nos invadiu causando um enorme bem estar e nos estimulando a repensar nossas práticas cotidianas. Nesta época eu, como professora de educação infantil, ensinava meus alunos sobre a importância da natureza, mas não sabia por onde começar na minha rotina, como tornar o meu discurso palpável.

Foi quando participamos de uma palestra na Comunidade Encontro com a Nicole da @casasemlixo que nos mostrou seu dia-a-dia e nos abriu os olhos para o quanto nosso lixo diário interfere no planeta. Ela falou sobre nossa responsabilidade social e ecológica para com esta imensidão que nos é oferecida e o que gostaríamos de deixar para as futuras gerações.

Saímos da palestra impactados e na mesma semana aprendemos a separar o lixo reciclável do rejeito (o que antes confundíamos muito, como a pasta de dente que acabou. Para onde vai?- a resposta é para o rejeito), compramos um recipiente para descarte apropriado do lixo orgânico, colocamos as sacolas reutilizáveis no carro (as quais estavam esquecidas em algum canto da casa), compramos buchas orgânicas e sabão de coco para limpeza da louça, trocamos muitos dos nossos cosméticos por aqueles feitos artesanalmente livres de parabenos. Começamos a comprar legumes, frutas e verduras em uma feira orgânica de produtores da região, e comprar menos os industrializados.  Decidimos colocar só etanol como combustível em nosso carro, independente do preço. Enfim, Nicole nos deu um “mapa” por onde começar e nós topamos percorrer este caminho. Ainda temos muito o que  melhorar, mas estamos aprendendo  e aproveitando muito com essas mudanças.

Em setembro de 2020 nasceu nossa Marina, hoje ela tem 5 meses e a preocupação com o lixo de antes, que era para o futuro, agora é para o presente: é o mundo que ela vai herdar. São as florestas que ela vai um dia conhecer, é o mar que ela vai um dia nadar, é a água que ela vai beber. Não há mais tempo a perder, senti que era a hora da mudança e gostaria de enfatizar que além de reduzir nossa pegada ecológica, essas mudanças tem melhorado nossa qualidade de vida e saúde também, agora muito mais saudáveis e sustentáveis.

Repensar nossa rotina foi sair do automático e do mais cômodo. Tem produtos que são um pouco mais caros, difíceis de encontrar, dá um pouquinho de trabalho sim, não vou mentir.  Mas vale a pena! Vale a pena cuidar deste planeta que nos acolhe e nos proporciona uma natureza encantadora todos os dias. 

Se você quer começar e não sabe por onde, aí vão quatro pequenos passos: 
  • Se você está lendo este texto na rua, em casa, no ônibus, olhe ao seu redor:  tem algum lixo aí? Se sim, recolha-o e coloque no lugar correto (orgânico/ rejeito/ reciclável). 
  • Não tem onde o descartar adequadamente? Providencie.
  • Tenha sua sacola retornável sempre por perto. Ela é mais útil do que você imagina! 
  • Tente diminuir o consumo de industrializados, consuma mais alimentos  artesanais, feitos em casa, naturais. As indústrias são as principais poluentes. 

Figura 1: Orgânicos comprados na feira


Figura 2: Bucha vegetal e sabão 


Figura 3: Lixo separado para compostagem


Figura 4: Sabonete e xampú naturais


Lídia Bulascoschi Cagnoni é pedagoga formada pela UNICAMP e professora de educação infantil.  


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que não devo chamar a Mata Atlântica de bioma?

A importância da conservação e restauração de nascentes

Introdução ao Novo Código Florestal (NCF) e Lei de Proteção da Mata Atlântica (LMA)