NewFor Entrevista: Gabriela Rosalini

17 de Junho é o Dia do Gestor Ambiental, e para comemorar essa data fizemos uma série especial de entrevistas com gestores ambientais que atuam em diferentes áreas e que nos contam um pouco sobre suas trajetórias na profissão, suas principais motivações e desafios. Nossa quarta  entrevistada, Gabriela Rosalini, é formada em Gestão Ambiental na ESALQ/USP e atualmente trabalha no ICMBio na área de Gestão de Projetos.


1) Como você chegou onde está hoje? O que te levou a fazer gestão ambiental? Qual sua trajetória? Qual sua área de atuação?

Na época do vestibular pensava em fazer algo relacionado ao meio ambiente, em uma área mais focada na parte gerencial e de entender processos, e não em uma área muito técnica. Tinha dúvidas entre algumas áreas como  Engenharia Ambiental, Direito e Economia e acabei encontrando o curso de Gestão Ambiental. Ingressei em Gestão Ambiental no ano de 2014 e me formei em 2018. Durante a graduação, consegui descobrir uma área que tinha bastante interesse, a de conservação voltada para ecologia de paisagens e restauração florestal, que era uma parte bem prática, mudando um pouco meu rumo inicial.

Depois que me formei, trabalhei durante dois anos com serviços financeiros em uma start-up. Saí bastante da minha área inicial, com o objetivo de adquirir conhecimento de outros setores e ter uma qualificação diferenciada para no futuro chegar ao meu objetivo. Trabalhei bastante com gestão de projetos, o que mais me identifiquei, e também em  projetos na área comercial de processos e sucesso do cliente. Esta experiência me motivou a seguir aprofundando meu trabalho na área de gestão de projetos e também de tecnologia dentro do mercado, porém de uma forma mais voltada para a parte da conservação. Dessa forma, comecei a procurar vagas de emprego que vinculassem esses dois interesses de forma que eu pudesse aplicar os conhecimentos adquiridos trabalhando nessa start-up em uma área que tenho inclinação, e atualmente trabalho no ICMBio na área de gestão de projetos.

2) Como a gestão ambiental ajudou na sua carreira? Na sua atuação hoje? O que mais te motivou/motiva em trabalhar nessa área? 

Minha principal motivação para trabalhar nessa área é atuar dentro de algo que faça sentido para mim. Tive contato com a restauração e conservação durante a graduação, e vi um valor pessoal muito grande nisso. Depois que descobri meu grande interesse pela gestão de projetos, quis de alguma forma aplicar o que eu conhecia para promover a conservação de ecossistemas.

3) Qual o impacto do seu trabalho na sociedade e no meio ambiente?

Atualmente  trabalho em uma unidade de gestão integrada do ICMBio em Carajás com uma grande ocorrência de exploração de minérios. Atuamos promovendo a conservação da região com atores locais, tendo assim impactos bem diretos relacionados à população e ao meio ambiente. A Unidade de Conservação, uma reserva indígena, os extrativistas,  assentados que trabalham diretamente com o campo, a comunidade do entorno e escolas estão envolvidas como um todo nesse processo. Além dos impactos diretos com os atores da região, também existem os impactos indiretos, relacionados principalmente ao desenvolvimentos de pesquisas e soluções que podem ser replicadas em outros locais.


4) Quais os principais desafios que você enfrenta?

Os principais desafios que enfrento atualmente no contexto de pandemia estão relacionados ao fato de que meu trabalho envolve uma atuação muito presencial, devido à necessidade constante de combate ao garimpo ilegal e ao desmatamento e do contato direto com a população extrativista, e os produtores da região. O difícil acesso à internet na região e dentro das florestas e a limitação de deslocamento são outros obstáculos, que se agravaram durante a pandemia. Além disso, o desmonte do governo representa um grande desafio e nos faz atuar diretamente com os impactos causados por medidas tomadas, dificultando o desenvolvimento de ações locais com a população.


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