Quais são os resultados de plantios de enriquecimento com as espécies de alto valor Mogno e Ipê-amarelo em clareiras de exploração florestal na Amazônia Oriental?

Por Rodrigo Costa Pinto*

Baseado no artigo de Pinto et al. (2021)

O enriquecimento via plantio em clareiras é um tratamento silvicultural importante para aumentar a produção de madeira a longo prazo em florestas tropicais nativas, sem comprometer os seus serviços ambientais. Estudos que demonstrem a viabilidade de plantios em florestas nativas são necessários para promover a conservação do valor produtivo das florestas e evitar a sua conversão para outros usos da terra. 

Plantios de enriquecimento com espécies raras, como o Mogno e o Ipê-amarelo, são muito importantes, pelo valor comercial dessas espécies e por apresentarem baixas taxas de crescimento e número de indivíduos em seus ambientes naturais. Por isso, a incerteza da presença dessas espécies em futuros ciclos de corte leva ao investimento no plantio. 

Para contribuir com este debate, este artigo publicado na revista científica Forest Ecology and Management teve como objetivo avaliar tecnicamente e financeiramente o enriquecimento de plantio de mogno e ipê-amarelo em clareiras de exploração de uma floresta manejada de forma a servir de modelo na recuperação e aumento da produção dessas espécies em futuros ciclos de corte. O plantio de enriquecimento foi realizado em 46 clareiras no ano de 2009. 
 
Figura 1. (a) Localização da fazenda Rio Capim, município de Paragominas, Estado do Pará, Brasil, (b) Área de enriquecimento de plantio com clareiras, (c) e Arranjo de plantio de Mogno e Ipê-amarelo nas clareiras. Fonte: Autor

Figura 2. (a) Preparação das clareiras, (b - c) poda de Swietenia com oito anos após plantio, (d) monitoramento dos plantios de Mogno com oito anos após plantio. Fonte: César Pinheiro -IFT


Após oito anos de plantio, os indivíduos de mogno cresceram 1 cm por ano em diâmetro e os de ipê-amarelo, mais de 0,65 cm por ano. De todas as mudas plantadas em clareiras na floresta, 51% das de mogno e 24% das de ipê viraram árvores.  Os resultados obtidos para as duas espécies são semelhantes aos encontrados em outros plantios de enriquecimento na Amazônia, o que demonstra que o plantio de enriquecimento em clareiras com essas espécies é eficaz em promover a conservação de florestas manejadas e estimular a conservação e a produção de madeira de espécies arbóreas raras e ameaçadas no 2º e 3º ciclos de corte (60 a 90 anos após o plantio).

Uma análise de custo-benefício em diferentes taxas de juros para a produção de madeira em tora e serrada mostrou é lucrativo em 60 e 90 anos e Ipê-amarelo em 90 anos. Quando é simulado um aumento de 20% nas taxas de crescimento a produção de madeira de ipê fica lucrativa em 60 anos.   

O estudo concluiu que o plantio de enriquecimento em clareiras de exploração florestal com Mogno e Ipê-amarelo, duas das espécies com maior valor comercial na Amazônia, provou ser um tratamento silvicultural bem-sucedido. 

Confira o texto completo: Pinto, R. C., Pinheiro, C., Vidal, E., & Schwartz, G. (2021). Technical and financial evaluation of enrichment planting in logging gaps with the high-value species Swietenia macrophylla and Handroanthus serratifolius in the Eastern Amazon. Forest Ecology and Management, 495, 119380.

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*Rodrigo Costa Pinto é engenheiro florestal formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, mestre e doutorando em Conservação de Ecossistemas Florestais na ESALQ/USP. Atualmente faz parte do projeto Gerando informações fundamentais de longo prazo de florestas remanescentes e regeneração para o Manejo Florestal na Amazônia.

O presente artigo é fruto da sua dissertação de mestrado, defendido em 2021. O autor gostaria de agradecer aos demais autores do trabalho: César Pinheiro, Dr. Gustavo Schwartz e o Dr. Edson Vidal, além também da Dra. Rafaela Naves por ajudar nas análises estatísticas e a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

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