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Emergência climática e humanidade: que caminho escolheremos?

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Por  Raíza Salomão Precinoto* O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reúne cientistas da Organização das Nações Unidas (ONU) responsáveis por trazer à sociedade um posicionamento e consenso científico da ONU sobre o clima. Recentemente, evidências mais robustas sobre a influência do ser humano no clima foram publicadas pelo Painel. O último relatório ( Sixth Assessment Report – AR6), do chamado “Grupo de Trabalho 1” ( Working Group I – WG1), sistematizou o conhecimento científico atualizado de base física sobre as mudanças climáticas, analisando o presente, o passado e o que podemos esperar para o futuro. Há mais de 14 mil referências bibliográficas somente nessa primeira parte do relatório, sem contar os mais de 70 mil comentários de revisão de especialistas e governos, que devem ser respondidos um a um pelos cientistas do Painel.

Quais são os resultados de plantios de enriquecimento com as espécies de alto valor Mogno e Ipê-amarelo em clareiras de exploração florestal na Amazônia Oriental?

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Por Rodrigo Costa Pinto* Baseado no artigo de Pinto et al. (2021) O enriquecimento via plantio em clareiras é um tratamento silvicultural importante para aumentar a produção de madeira a longo prazo em florestas tropicais nativas, sem comprometer os seus serviços ambientais. Estudos que demonstrem a viabilidade de plantios em florestas nativas são necessários para promover a conservação do valor produtivo das florestas e evitar a sua conversão para outros usos da terra.  Plantios de enriquecimento com espécies raras, como o Mogno e o Ipê-amarelo, são muito importantes, pelo valor comercial dessas espécies e por apresentarem baixas taxas de crescimento e número de indivíduos em seus ambientes naturais. Por isso, a incerteza da presença dessas espécies em futuros ciclos de corte leva ao investimento no plantio.  Para contribuir com este debate, este artigo publicado na revista científica Forest Ecology and Management teve como objetivo avaliar tecnicamente e financeiramente o enriquecime

A Bioeconomia dos Produtos Não Madeireiros das Florestas Naturais

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Por Sandra Regina Afonso*   Crédito: Foto André Dib/ Acervo do Serviço Florestal Brasileiro O Brasil é o país com a maior área de floresta tropical do mundo. Conforme os dados publicados pelo Serviço Florestal Brasileiro 1 , possui cerca de 498 milhões de hectares, 58% do território, coberto por florestas naturais e plantadas. Desse total, cerca 488 milhões de hectares (98%) são compostos por florestas naturais e cerca de 10 milhões de hectares (2%) por plantadas. As florestas naturais brasileiras abrigam a maior biodiversidade do planeta, o que coloca o Brasil como principal nação entre os 17 países megadiversos. E, complementar a isso, e não menos importante, temos em nosso território uma diversidade única de povos e comunidades tradicionais, que vivem nas florestas e fazem uso da biodiversidade, em especial dos produtos florestais que não são madeira. Mas, a pergunta que fica é: O quanto estamos de fato aproveitando esse potencial? Essa atividade relacionada ao extrativismo de produ

Por que não Mata Atlântica 4.0?

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 Por Pedro Medrado Krainovic* O Brasil é um dos países de maior biodiversidade do planeta, mas enfrenta os desafios de ter que lidar com isso no contexto das mudanças climáticas e das pressões sociais e políticas relacionadas à coexistência homem-natureza. A Mata Atlântica brasileira reúne o desafio da restauração florestal – agenda de destaque na década para mitigação das mudanças climáticas – com o potencial socioecológico-econômico inestimável da nossa megabiodiversidade.  Muito se fala em bioeconomia e nos melhores arranjos ecológico-econômicos para os biomas brasileiros, principalmente para a Amazônia. Por que não Mata Atlântica 4.0?  No principal eixo econômico do país, onde há a concentração de indústrias, universidades e institutos de pesquisa, a necessidade de desenvolvimento técnico e científico de base ainda parece ser um entrave nesse campo, já que muitas perguntas práticas carecem de respostas emergenciais e de pesquisas de longo prazo ao mesmo tempo em que vivenciamos uma

Mata Atlântica com Neve, no Brasil?

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 Por  Giovana Reali Stuani* Você já imaginou viver em temperaturas negativas, com ventos extremos, geadas e até mesmo neve? Pois é assim que algumas espécies da mata atlântica vivem em regiões mais frias no sul do Brasil. Em certas regiões do Brasil, a temperatura média anual é de 14,5ºC, com os termômetros marcando até -8ºC e com ocorrência de neve em épocas mais frias. Mas como as árvores sobrevivem nesse contexto?  Figura 1. Foto: Mycchel Legnaghi/ São Joaquim Online, tirada na cidade de São Joaquim - SC em 2021. Segundo o IBGE, a vegetação na região é classificada como Floresta Ombrófila Mista Altomontana ou Florestas Nebulares, estando presente em 40% do território do Paraná, 30% de Santa Catarina e 25% do Rio Grande do Sul.  Essas florestas estão localizadas a mais de 1.000 metros de altitude, sendo a sua maior ocorrência no Parque Nacional de Aparados da Serra (Figura 2-a), na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e no Parque de São Joaquim localizado em Sant

Uma nova visão da floresta: o que a tecnologia vê que nós não somos capazes

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  Por Catherine Torres de Almeida* Figura 1. Fonte da imagem: https://resonon.com/content/research-systems-sp/ic_1556831311_1600x_false.jpg Imagine que você está caminhando em uma floresta. O que você consegue perceber com seus sentidos? O cheiro de mato, o canto de pássaros e cigarras, uma leve brisa refrescante, uma explosão de verde... Se você estiver caminhando em uma mata fechada, estará em um ambiente mais escuro e mal conseguirá ver o topo das árvores. Mas se estiver em uma montanha com vista para uma floresta próxima, irá conseguir ver bem o topo das árvores, embora não possa dizer o que há por baixo delas... Conseguimos perceber muitos detalhes incríveis, mas ainda assim, nossos sentidos são limitados. E se pudéssemos enxergar o que há por baixo das árvores sem ter que entrar na mata? E se pudéssemos ter uma visão no infravermelho? Nós não podemos, mas a tecnologia de sensoriamento remoto sim. A tecnologia está avançando muito rápido, permitindo obter informações que até pou

Em Busca da Terra 2.0

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 Por Vinícius Melo Duarte O ar atmosférico é, sem dúvida, um dos bens mais preciosos da humanidade. Uma pessoa pode sobreviver por cinco semanas sem alimentos, cinco dias sem água, porém nem cinco minutos sem oxigênio. E, apesar de todos os alertas dos cientistas, os níveis de poluentes atmosféricos, bem como o aquecimento global, vêm aumentando ano após ano, impulsionados pelo uso desenfreado de combustíveis não renováveis, além dos desmatamentos irregulares. A OMS estima que, a cada ano, sete milhões de pessoas perdem a vida em decorrência de problemas de saúde relacionados à poluição do ar. Os grandes centros urbanos, cobertos por um céu acinzentado, apresentam-se cada vez mais impróprios para nossos pulmões. Mesmo antes da pandemia, o uso de máscaras em dias secos em cidades como Pequim e Tóquio já havia se tornado comum. Figura 1 - Representação artística da baixa qualidade do ar nos grandes centros urbanos, antes da pandemia. Ilustração: Marina Melo Duarte. Nesse contexto, a pres

Pau-Brasil, espécie mal estudada

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 Por Roberto R. Martins      Pau-Brasil,  Paubrasilia echinata (Fonte: https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9282-parque-abriga-pau-brasil-com-mais-de-mil-anos)           Apesar de ter se constituído na principal riqueza da nova terra cuja posse Portugal tomou em 1500 dada a sua qualidade tintorial, na época, o pau-brasil nunca foi estudado em seus diversos aspectos: geográfico, econômico, industrial, botânico e ambiental. Assim não foram adotadas medidas para preservar a riqueza fundamental para o reino português e depois para o império brasileiro, até o ponto de sua virtual extinção, no início da segunda metade do século XIX. Então, a perda do monopólio sobre a madeira expressava também sua virtual extinção nos territórios litorâneos, além da perda de sua importância, pois já não era mais o “pau-de-tinta”, uma vez desenvolvidas as anilinas pela indústria química. Diversos registros históricos apontam para a falta de estudos sobre o pau brasil na época. Por exem

Banco de sementes do solo: da dispersão da semente ao recrutamento na comunidade vegetal

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Por Solange dos Santos Silva  As sementes são muito importantes para as plantas. Elas carregam o embrião que dará origem a um novo indivíduo, permitindo que a espécie se perpetue ao longo do tempo. Contudo, para que isso ocorra é necessário que a semente germine. A germinação é um processo que depende de fatores intrínsecos de cada espécie, como características fisiológicas, mas também das condições bióticas e abióticas presentes no meio que podem estimular ou inibir o processo de germinação, como temperatura, disponibilidade de água e luminosidade. Então, ao germinar, a semente dará origem a um novo indivíduo que poderá se estabelecer no ambiente, crescer e se reproduzir, gerando novas sementes que poderão reiniciar esse processo. Mas você já se perguntou o que acontece com as sementes que não germinam logo após a dispersão? Após a dispersão, as sementes que por algum motivo não germinaram chegam ao solo através de diferentes agentes como a água, o vento ou animais, e ali se acumulam,

NewFor Entrevista: Gabriela Rosalini

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17 de Junho é o Dia do Gestor Ambiental, e para comemorar essa data fizemos uma série especial de entrevistas com gestores ambientais que atuam em diferentes áreas e que nos contam um pouco sobre suas trajetórias na profissão, suas principais motivações e desafios. Nossa quarta  entrevistada, Gabriela Rosalini, é formada em Gestão Ambiental na ESALQ/USP e atualmente trabalha no ICMBio na área de Gestão de Projetos.

NewFor Entrevista: Paulo Molin

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 17 de Junho é o Dia do Gestor Ambiental , e para comemorar essa data fizemos uma série especial de entrevistas com gestores ambientais que atuam em diferentes áreas e que nos contam um pouco sobre suas trajetórias na profissão, suas principais motivações e desafios. Nosso terceiro entrevistado, Paulo Guilherme Molin , é formado em Gestão Ambiental na ESALQ/USP e atualmente é professor na UFSCar na área de Gestão Ambiental para o curso de Engenharia Ambiental, Coordenador do laboratório de geoprocessamento e do grupo de estudos e pesquisa chamado Centro de Pesquisa e Extensão em Geotecnologias – CePE-Geo, professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis da UFSCar e no Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da ESALQ.

NewFor Entrevista: Priscila Ferraz de Andrade

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17 de Junho é o Dia do Gestor Ambiental, e para comemorar essa data fizemos uma série especial de entrevistas com gestores ambientais que atuam em diferentes áreas e que nos contam um pouco sobre suas trajetórias na profissão, suas principais motivações e desafios. Nossa segunda entrevistada, Priscilla Ferraz de Andrade, é formada em Gestão Ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais e atualmente atua na área de consultoria ambiental,  monitoramento, gestão, inovação e sustentabilidade.

NewFor Entrevista: Ronnie Carlos Peguim

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 17 de Junho é o Dia do Gestor Ambiental, e para comemorar essa data fizemos uma série especial de entrevistas com gestores ambientais que atuam em diferentes áreas e que nos contam um pouco sobre suas trajetórias na profissão, suas principais motivações e desafios. Nosso primeiro entrevistado, Ronnie Carlos Peguim, é formado em Gestão Ambiental na ESALQ/USP e atualmente é Analista Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Extrema/MG.